terça-feira, 7 de março de 2006

Atrás da notícia - Jayme Copstein

Semana passada, plantada não se sabe com que intenção, correu a informação de que a Rainha da Inglaterra pediria desculpas ao presidente Luiz Inacio Lula da Silva, pela morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, baleado pela Scotland Yard, no metrô de Londres, ao ser confundido com um terrorista.
É surpreendente que os jornais de todo o Brasil tenham notíciado, sem se deter no complemento de que o pedido seria “indireto”: Elisabeth II lamentaria a morte de todos os inocentes, vítimas do terrorismo, e aí estaria incluído, como não podia deixar de ser, mesmo sem citação, o nome do brasileiro Jean Charles.
Reis e rainhas, mesmo em monarquias constitucionais, não pedem desculpas a ninguém. Daí porque são chamados soberanos. O próprio Imperador do Japão, com duas bombas atômicas devastando Nagasaki e Hiroshima não o fez, apesar de renunciar à condição “divina” que até então ostentava. Reis e rainhas, se voltarem atrás, perdem a coroa
Este, porém, é até um aspecto secundário da questão. Custa a crer que a nenhum jornalista tivesse ocorrido que a Rainha das Inglaterra é chefe de Estado, mas não do Governo. O que exclui de sua jurisdição o comando da Scotland Yard, afeto ao primeiro ministro Tommy Blair.
O que está deixando de ser mencionado neste contexto são as pressões internacionais que o Brasil sofre, para que controle a Tríplice Fronteira, ali em Foz do Iguaçu, onde o tráfico de armas e de drogas corre solto e municia e financia o terrorismo mundial.
Tal como surgiu, atribuído a um colunista inglês, o pedido de desculpas desapareceu do noticiário. Mas a Tríplice Fronteira sequer chegou aos jornais.
Que estranho tudo isso.

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