Com muita habilidade, cuidando para não derramar combustível e acender mais uma fogueira, o presidente da Associação Brasileira de Direito Espacial, o jornalista gaúcho José Montserrat Filho, em entrevista à GNT, pôs alguns pontos nos “is” desta badalada viagem de um brasileiro ao espaço.
Como muitos outros especialistas da área, Monserrat ressalvou que os milhões de dólares pagos pela carona podia ter sido investidos em outras pesquisas, no Brasil mesmo, com mais proveito, e dentro da própria área espacial. Não acha que as experiências programadas para o major Marcos César Pontes sejam inéditas ou tenham a importância alegada.
Então, por que tanto barulho, como se realmente fosse uma grande façanha? Há muitas opiniões a respeito.
O governo tratou de desmentir, tão logo surgiram, as críticas de que a decantada missão espacial é mera propaganda eleitoral. Só que não pode negar que os primeiros entendimentos com a Rússia previam a viagem do major Marcos César Pontes em outubro, em data posterior a das eleições presidenciais, mas foi antecipada para março, por escolha do governo brasileiro. Implicou a redução do treinamento do nosso suposto astronauta e também resultou no encurtamento da preparação da aparelhagem para fazer as ditas experiências. Devido à pressa, uma delas foi cancelada.
Há ainda alguns aspectos da missão, com a marca do pitoresco lulista: o governo brasileiro pretendeu incluir na bagagem do seu astronauta fitas do Senhor do Bonfim e outras lembrancinhas, para serem vendidas, na volta, em benefício do programa Fome Zero. O major Marcos César Pontes disse que não tem nada a ver com isso. É uma carga que chama de “institucional”, cujo conteúdo desconhece. A sua bagagem pessoal, de um quilo e meio, é outra.
Talvez o mais adequado fosse dizer que Pontes é passageiro da nave Soyuz., tal como aquele americano rico que pagou 20 milhões de dólares para fazer a primeira viagem de turismo em órbita da Terra. Quem deu tom bem humorado a respeito, foi o jornalista Cláudio Ângelo, editor de ciência da Folha de São Paulo. Parafraseando Neil Armstrong ao pisar na Lua – “Um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade” – Cláudio escreveu: “A viagem de Marcos Cesar Pontes é um grande salto para um bauruense, mas um passo minúsculo para a ciência no Brasil. Com ela provavelmente nasce e morre o programa espacial tripulado brasileiro, que começou como um delírio megalomaníaco na era FHC e acabou como uma piada no governo Lula.”
Talvez a aventura fosse até desnecessária. Hoje é 1º de abril e já temos um brasileiro vivendo comprovadamente no mundo da lua. É o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O país que ele acha que governa também se chama Brasil, mas com toda a certeza não fica no planeta Terra. Procurem, para ver se vocês conseguem encontrá-lo.
sexta-feira, 31 de março de 2006
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