quarta-feira, 29 de março de 2006

Morte anunciada - Jayme Copstein

Com patético discurso do senador Delcído Amaral, cheirando a réquiem, iniciaram-se agora à tarde as cerimônias de sepultamento da ética e da decência no Congresso Nacional. O deputado Osmar Serraglio só conseguiu concluir a redação do seu relatório após retirar as menções mais desconfortáveis aos governistas.
Entre as omissões figura a do nome do filho do presidente da República, Fábio Luiz da Silva, o Lulinha, dono da Gamecorp, empresa que recebeu R$ 10 milhões da Telemar. O escândalo ficou órfão de personagens.
Lula também é poupado. Sabia ou não o que se passava no próprio Palácio do Governo? O relatório diz que, alertado por Roberto Jefferson, tomou as devidas providências.
A douração da pílula não salva a imagem de Lula. Quando tomou as providências? Ao ser alertado privadamente por Jefferson ou depois, quando o escândalo estourou? Se nada sabia, como se explica que, sem investigar, quando surgiram os primeiros rumores, afirmou que nada havia de concreto, a não ser difamações da imprensa e demagogia da oposição?
São duas mil páginas de relatório, sugerindo o indiciamento de 130 nomes. Mas já se anunciam manobras, entre elas a de um relatório paralelo, para os debates se prolongarem, os prazos se esgotarem e a CPI se encerrar sem nenhuma conclusão aprovada. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá afirmar, em mais um de seus memoráveis discursos,: “Viram?! Não provaram nada!”
Pêsames, Brasil.

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