sexta-feira, 31 de março de 2006
Jesus e o Brasil - Jayme Copstein
O humorista Guz (*) sugere em uma charge que a Igreja no Brasil devia adaptar a representação da Paixão. Na versão original, dois são os ladrões que ladeavam Jesus no Gólgota. Cá por essas bandas, uma multidão.
De minha parte, acho que também se impõem outros ajustes. São Lucas fala que, na hora de morrer, o bom ladrão pediu: “Lembra-te de mim quando vieres no teu reino!”
Na versão cabocla, os “bons” gatunos são efetivamente lembrados: aposentam-se como deputados ou arranjam ossos suculentos para si e os familiares.
A dificuldade de transpor a Paixão para o Brasil é grande. O Evangelho não especifica quem está à direita e quem está à esquerda. Aqui, a única certeza é sobre quem ocupa a cruz do centro – o povo.
Quem são os ladrões da direita, quem são os ladrões da esquerda? Depende da devoção, caríssimos irmãos. Os bons estão sempre do nosso lado; os maus, enquanto estiverem do lado “deles”.
(*) - Guz (Paulo Cangussu Cordeiro), mineiro do Vale do Jequitinhonha, vive em Belo Horizonte, de onde não arreda pé, por mais tentadoras venham propostas do resto do mundo. Esbanja talento, em traço e texto, no site www.guz.com.br
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