segunda-feira, 6 de março de 2006

Petróleo, Carnaval e Quaresma - Jayme Copstein

Todos estranham que apesar de o Brasil ter atingido a auto-suficiência em petróleo, o brasileiro tira cada vez mais dinheiro do bolso para pagar a gasolina que consome. É que por trás do ufanismo, esconde-se a falta de previsão e planejamento – enfim, a velha bagunça nacional.
É só olhar os números publicados pelo próprio governo para se perceber que há mais Carnaval do que Quaresma nessa devoção: no exercício encerrado em julho de 2005, a Agência Nacional do Petróleo informava que o Brasil passara de importador a exportador: vendera ao exterior 21 milhões 217 mil barris e comprara no estrangeiro 21 milhões 125 mil barris. Ou seja, exportara mais 92 mil barris do que importara.
Raciocinemos com simplicidade: se produzo mais do que eu consumo, por que vendo toda a minha produção e importo todo o meu consumo? É aí que o sapato aperta: por incrível que pareça, nossas refinarias não servem para refinar o petróleo mais pesado que produzimos. Nesses anos todos, é incrível que a Petrobrás não tenha feito investimentos nesse sentido e o pior – tenha impedido as duas refinarias privadas de fazê-lo.
Ao mesmo tempo em que se ufana da auto-suficiência, a Agência Nacional do Petróleo dissimula que o Brasil, exportando mais 92 mil barris do que importa, mesmo assim ainda gasta US$ 3,5 bilhões para cobrir a diferença de preço entre o barato petróleo pesado que vendemos e o caro petróleo leve que compramos.
Falta inteligência ou sobra ignorância neste país?

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