quinta-feira, 21 de setembro de 2006

A arte de sofismar - Jayme Copstein

Merece análise a queixa do líder petista gaúcho Raul Pont, em relação à imprensa, publicada em Zero Hora de hoje. Segundo Pont, a cobertura da mídia ao caso é parcial porque dá mais ênfase à barafunda do dossiê que às denúncias de envolvimento da oposição com as sanguessugas.
Há um equívoco de grandes proporções, de parte de Raul Pont. Quem deu a hierarquia aos acontecimentos foi o ministro Márcio Thomaz Bastos, sob cuja batuta age a Polícia Federal. Bastaria, tão logo sabidas as denúncias do dossiê, que fossem ordenadas as investigações. Pode ter certeza o professor Raul Pont que nada seria tão ruidoso quanto tal noticiário.
Não foi o que aconteceu. O que remete a outra pergunta embaraçosa: por que não foi feito? Acaso as provas não são consistentes, não vão além de fotos de entregas solenes de ambulâncias?
O equívoco de Raul Pont conduz a uma certeza: o acerto da oposição que se fez quando o governo pretendeu subjugar a liberdade de expressão, a pretexto de impor limites éticos à atividade jornalística.
Sem essa liberdade, não há democracia. A moralidade se converte em mero ponto de vista.
O que é mais importante: as denúncias ou o dossiê?
A resposta é simples: o que for verdadeiro. O resto é sofisma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário