quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Pior a emenda - Jayme Copstein

Há gente furiosa com os jornalistas de maneira geral, acusando-os de não darem a devida ênfase às acusações à oposição, contidas no dossiê que deflagrou o mais recente escândalo a abalar esta Nação.
Essas pessoas não estão prestando a atenção a os pormenores do noticiário, e por isso mesmo endereçam equivocadamente suas críticas. Com a demissão de quase todos os envolvidos na tramóia, restam dois pontos a investigar: 1) se as denúncias do dossiê tinham fundamento; 2) a origem da montanha de dinheiro que pagaria os vendedores do dossiê.
É à Polícia Federal que cabem as investigações. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, entretanto, em suas declarações de ontem, não mostrou nenhuma pressa em desvendar quer a origem do dinheiro, quer o fundamento das denúncias. Acha difícil chegar a alguma conclusão antes das eleições.
Ora, com os meios de que se dispõe hoje para o rastreamento, não há justificativa para a demora. Já se sabe até em que bancos o dinheiro foi sacado. Sobre os fundamentos da denúncia nem se precisa pedir as provas aos Vedoin, atolados até o pescoço na gatunagem dos sanguessugas. Oswaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho ao tempo de Ricardo Berzoíni, e responsável pelo capítulo de Trabalho e Emprego do programa de governo da campanha petista, há duas semanas, na presença do churrasqueiro Jorge Lorenzetti, afirmou ao repórter Ricardo Mendonça, da revista "Época", que possuía denúncias fortes, suficientes para desmoralizar o candidato da oposição ao governo do Estado de São Paulo.
É só mostrar as provas. Do contrário, quem fica em maus lençóis é o ministro da Justiça. Já sobre ele pesa a acusação de ter inutilizado o flagrante da compra do dossiê, prendendo os implicados ante de realizarem a transação. Adiar para depois da eleição a investigação sobre a origem do dinheiro e o fundamento das denúncias do dossiê permite especular que as denúncias são infundadas, mas a desconfiança sobre elas deve ser mantida, e que a origem do dinheiro é tão escusa que não pçode ser mencionada. Como se vê, pior a emenda do que o soneto.

Comentários:
Marcos Ferreto: em um dos seus artigos recentes, Hélio Schwartsman, FSP, escreveu que se aborrecia toda vez que abordava temas políticos. Segundo ele, toda vez que comenta algum assunto, "cada um lê o que bem entende - independentemente do que esteja escrito - e chega às conclusões que já tinha." Por isso,alguns preferem ignorar o incêndio que toma a casa para assistir à atração imperdível na tv. O problema é que, ao final, morremos todos juntos queimados, não só eles.

Um comentário:

  1. Anônimo6:38 AM

    em um dos seus artigos recentes, Hélio Schwartsman, FSP, escreveu que se aborrecia toda vez que abordava temas políticos. segundo ele, toda vez que comenta algum assunto, "cada um lê o que bem entende --independentemente do que esteja escrito-- e chega às conclusões que já tinha."

    por isso que alguns preferem ignorar o incêncio que toma a casa para assistir à atração imperdível na tv. o problema é que, ao final, morremos todos juntos queimados, e não só eles.

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