terça-feira, 19 de setembro de 2006

As moscas, não. O esterco - Jayme Copstein

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou que o Brasil mudou. Não se fazem mais imagens para a televisão mostrar, disse o ministro, e prejudicar candidaturas de opositores.
Há controvérsias. Aqueles que ao longo dos anos cansaram de repetições, tanto de frases de efeito como da corrupção pertinaz, acham que a zelosa preocupação do Ministro da Justiça, neste caso que envolve a tentativa de chantagem contra a oposição, tem mais em mira preservar o presidente da República, em cuja copa ou cozinha os responsáveis pela tramóia moviam-se com liberdade.
Zero Hora de hoje – sempre esta inoportuna e importuna imprensa que não nos deixa mentir – alinha em rodapés de algumas páginas, oito homens de confiança do Presidente, de Waldomiro Diniz a Duda Mendonça, aos quais agora se incorpora Freud Godoy, todos envolvidos em escândalos cabeludos, nenhum deles demitidos pela indignação que seria natural, mas renunciados com direito a afagos e consolações.
Diante deste quadro, cabe a pergunta respeitosa ao ministro Márcio Thomaz Bastos:
Excelência, data vênia, o Brasil mudou em quê? Nas moscas?
Pode ser. O esterco continua o mesmo. Só mudará, de verdade, o dia em que alguém sair algemado, de dentro de um palácio governamental, para ser levado à cadeia.

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