Esta é uma segunda-feira realmente surpreendente: a mesa diretora da Câmara Federal, eleita graças a conchavos que teve hurras e vivas do mensaleiro-chefe José Dirceu, não consegue localizar 23 deputados implicados na gatunagem das sanguessugas, para citá-los e abrir o processo de cassação de mandato e suspensão de direitos políticos. Só nos falta agora, para completar a vergonha em que essa gente mergulhou a nação, é um cartaz nos postes de todo o Brasil com o célebre: “Procura-se”.
Não pára aí o conto da moralização, espécie nova de trampa de vigário que se tenta passar no eleitor incauto.
Outra surpresa desta segunda-feira é a notícia de que a Polícia Federal mandará à Justiça, em breve, a denúncia contra o ex-ministro Antônio Palocci, acusado de uma extensa relação de crimes.
Ora viva. Com toda a certeza, muito ocupada em investigar outras corrupções ou outros corruptos, como queiram, a Polícia Federal parece não ter tempo para concluir o inquérito e remetê-lo ao Judiciário, seja para confirmar a culpa ou a inocência. No caso de Palocci, faz cinco meses que o inquérito parou. Não fosse o colunista da revista Veja, jornalista André Petry, ter levantado ao assunto, não teria havido esta notícia que, em breve... muito em breve... etc. etc. etc. Com toda certeza, depois das eleições, para garantir a Palocci, eleito deputado, foro privilegiado e alguns séculos de prazo até o julgamento definitivo.
Em tudo isso, ressalte-se o papel da imprensa. Ninguém há de negar excessos cometidos por jornalistas. Mas há de se lhe reconhecer os serviços que prestam, para impedir a escamoteação da verdade.
segunda-feira, 11 de setembro de 2006
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