terça-feira, 26 de setembro de 2006

Fatuidade - Jayme Copstein

Por mais que busque, não se encontra palavra tão adequada para a atual tendência da mídia como fatuidade. Não há outra maneira de se conceituar o destaque dado pelos jornais, revistas, rádio e tevê, às cenas de sexo explícito, protagonizadas por Daniela Cicarelli na Espanha.
A revista IstoÉ, por exemplo, dedica generoso espaço, no qual a hipocrisia substitui o moralismo: teria ou não havido invasão de privacidade na filmagem de uma exibição pública onde se desconsidera que testemunhas ocasionais – quatro famílias, segundo a notícia – sequer teriam como dizer se queriam ou não ver aquilo.
Bacharéis bizantinos foram chamados a opinar e naturalmente atualizaram a discussão sobre o sexo dos anjos para anjos fazendo sexo, mesmo que sejam pura construção da propaganda. Só faltou, para completar tão edificantes elucubrações, algum rábula para levantasse os prejuízos dos sites profissionais de pornografia, alegando concorrência desleal, pela disponibilidade gratuita da desprendida Cicarelli.
O que não está sendo falado no suposto escândalo é o proveito comercial que dele resultará. Dizem que a General Motors cancelou uma campanha em que Cicarelli promovia seus mais recentes carrões. Em compensação, o que ela vai faturar com roupas íntimas, cosméticos, perfumes e similares não está na mídia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário