sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Gatos e pulos - Jayme Copstein

A propósito do comentário de ontem – O FTGS e a falta de cadeia – um executivo de alto padrão, cujo nome é omitido por razões óbvias, acrescentou um depoimento valioso à denúncia feita.
Ele conta: “A empresa em que eu trabalhava estava em dificuldades. Selecionou as pessoas que ganhavam os maiores salários, demitiu-os, liberou o FGTS, mas recebeu de volta e por fora, o pagamento da multa de rescisão. Recontratou todos, alguns dias depois, com os salários anteriores reduzidos em 20%. “
Como a empresa citada chegou a esta solução, ou a este subterfúgio, como quiserem chamar. O nosso depoente conta: “Um alto funcionário do Ministério do Trabalho esteve na conosco, ensinando a fazer.”
O nosso depoente conclui: “Foi a segunda vez que assisti a este tipo de coisa. Um ano antes, em outra empresa, eu aprendera a fazer o pagamento de comissões acima do permitido pelos regulamentos da época. Estávamos com dificuldades de fechar na negócios na Argélia nem no Irã sem pagar as comissões exigidas, maiores que as permitidas. Foi no próprio Ministério da Fazenda, por ordem superior, que aprendemos a quebrar o galho.”
Até aí o depoimento do executivo. O que dá seriedade a uma frase espirituosa, antiga como as barbas do profeta: no Brasil, a burocracia cria dificuldades para vender facilidades. Os regulamentos são feitos de graça. Mas há de se pagar, e muito bem pago, pelo pulo do gato.
Falando português claro: não é só cadeia que falta neste país. Falta, também, pôr na cadeia muita gente boa que nem em sonhos cruzou pelas vizinhanças.

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