segunda-feira, 25 de setembro de 2006

O nome da crise - Jayme Copstein

Teremos muita sorte se, neste escândalo que abala a democracia brasileira, não forem de novo jogados no lixo, além de mais 20 anos de história, os sacrifícios que todos fizemos para chegar à estabilidade financeira. De alguma maneira, parecemos formigas que passam o tempo inteiro reconstruindo o formigueiro pisoteado.
Não há como fugir da realidade. A economia mundial começa a entrar em recessão. Graças à corrupção que se instaurou nas próprias entranhas do Estado, estamos novamente em situação de fragilidade.
Além do impacto crescente, pois jamais no passado um governo mergulhou tão fundo na imoralidade, é possível identificar-se a crise como a mesma que se faz presente desde a proclamação da República, quando um golpe de Estado baniu o bom e velho parlamentarismo, para despencar na ditadura presidencialista. Desde então, o país só tem mergulhado em uma encarniçada e inesgotável luta pelo poder, que entremeia ditaduras ferozes com roubalheiras desenfreadas. Isso quando não casa ditadores e corruptos no mesmo saco de gatos.
A solução é retornar ao passado, mas sem a figura mitológica de um imperador, em cujo DNA foi gerada a depravada imagem do pai da pátria que nos mantém algemados ao atraso e à pobreza. Parlamentarismo com voto distrital haveria de resolver rapidamente a crise, com a demissão sumária de governantes corruptos e a retomada do mandato de parlamentares que com eles se acumpliciam.

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