O senador Ney Suassuna é um ator consumado. Quem o assistiu ontem, na Comissão de Ética do Senado, haveria de ficar condoído de seu papel de mero joguete nas garras de uma imprensa impiedosa, decidida a massacrá-lo.
O senador alegou falsificação de assinatura e exagero de cálculo, da Folha de São Paulo, dos seus proveitos na roubalheira das sanguessugas. Com isso posou de vítima. O difícil, entretanto, é compatibilizar a fortuna derramada em propaganda, para manter o feudo na Paraíba, com a participação que alega ser modesta no escândalo em questão.
O senador admite ser proprietário de mais de 40 carros de sons e ainda ver-se obrigado a alugar outros tantos, para manter-se à tona em um estado pequenino como o seu. Fosse ele político do Estado de São Paulo, teríamos, então, a indústria automobilística trabalhando 24 horas por dia para dar conta das suas encomendas.
Não é só aí que pega o trem fantasma do senador Suassuna. A alegada falsificação de assinatura, por alguém do seu próprio gabinete, que ele diz não saber de quem se trata e não ter sequer se preocupado em apurar, também não se sustenta. Desaba diante da constatação que um de seus assessores, uma mulher, por sinal, tinha por rotina imitar a sua rubrica, e o fez em muitas emendas do ilustre senador para a compra das ambulâncias.
O aspecto mais grave de toda essa questão é a facilidade com que o senador encontrava nos ministérios, para fazer o dinheiro fluir sonante e generoso para os bolsos das sanguessugas. O que está a indicar que a investigação não devia ter como algo apenas deputados e senadores envolvidos. É preciso medir até onde o próprio governo está atolado em tanta imundície.
quarta-feira, 13 de setembro de 2006
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