O espetáculo pode ser visto em qualquer cidade brasileira, infalivelmente nas maiores: crianças maltrapilhas, expostas ao frio, ao vento, à chuva, altas horas da noite esmolando à saída de boates ou à porta de bares e restaurantes de clientes tardios, ambientes que ninguém pode considerar saudável para sua formação moral.
Apesar das verbas milionárias, consignadas em todos os orçamentos, o federal, o estadual e o municipal, não se vê uma ação dos órgãos criados especialmente para assistir a estas crianças e tentar protegê-las dos delinqüentes que as exploram, com a omissão e, portanto, a cumplicidade do Poder Público.
O que se vê é o contrário. É a exibição alvar, como feito histórico, de uma ou outra instituição de assistência – uma gota no oceano – com o despejo de toneladas de propaganda politicamente correta, ardilosamente capitalizada às vésperas de eleições.
O contraste é brutal. Faz-se alarde com uma furibunda lei da palmada, que mais parece calcada no nazismo e no estalinismo, para estimular filhos a denunciarem pais inconformados com a sua manipulação.
Teorias há de sobra. Demagogos disputando encarniçadamente a suculenta remuneração de conselhos e parlamentos, também. Uma política pensada para a execução permanente, como é o caso da saúde – nem pensar.
Tudo remete aos versos de um poetisa gaúcha, cujo nome acabou esquecido no tempo:
Vinde a mim as criancinhas, disse-o Cristo.
Tão poucos se lembram disto.
segunda-feira, 4 de setembro de 2006
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