A Revista Veja desta semana praticamente liquidou a tese de que Napoleão Bonaparte morreu envenenado pelos ingleses, de quem era prisioneiro na Ilha de Santa Helena. A conclusão não deixa dúvida: câncer de estômago.
O mito teve origem em autópsia nos idos de 1960, quando foi encontrado elevado teor de arsênio em seus cabelos. Parece ter escapado a quem levantou a suspeita, que os compostos arsenicais tinham muita presença no mundo em que Napoleão viveu. Eram ingredientes de um sem número de produtos, como pigmento verde de tintas, elemento ativo de desinfetantes e inseticidas, pomadas contra espinhas e psoríase, remédios para eliminar vermes, combater infecções (malária e sífilis) ou vermes, isso sem contar as poções para aplacar epilepsia, asma, aliviar úlceras de estômago, acalmar os "nervos" e também como afrodisíaco masculino.
É possível até estabelecer uma relação entre a presença anormal de arsênico nos cabelos de Napoleão e o câncer de estômago que o matou. A relação foi percebida pela primeira vez em 1822, ano da Independência do Brasil e cinco anos após a sua morte, em vacas que pastavam nas proximidades de metalúrgicas e que apresentavam tumores nos quartos traseiros. A fumaça resultante da fundição dos minérios de chumbo, cobre e zinco tem elevado teor de arsênio. Aliás, tal como a fumaça de cigarros, charutos e cachimbo.
O envenenamento não foi o único mito surgido quando Napoleão morreu. Correram fortes rumores, sem nenhum pé na realidade, de que não tinha sido ele, mas um sósia, François Eugène Robeaud, soldado do Exército Francês que teria chamado a atenção pela estreita semelhança física com o Imperador e também pela extrema habilidade com que imitava seus menores gestos, a ponto de, certa vez, ter iludido uma célebre atriz em encontro amoroso.
Esse François Eugene Robeaud realmente existiu, mas curiosamente sua morte, "vítima de desastre" foi registrada em novembro de 1809. Os cultores do mito alegam que foi fraude montada pelo Governo francês, para que não se suspeitasse da existência do sósia.
Afirma-se ainda, para dar mais credibilidade ao mito, que Robeaud desapareceu sem deixar vestígios após a derrota de Waterloo. A versão de que fora ele que havia morrido em Santa Helena surgiu alguns anos depois, acrescentando que Napoleão fugira para Verona, na Itália, e lá se estabelecera como ourives, sob a falsa identidade de Silvio Landry.
Em 1821, quando chegou a notícia da morte de Napoleão, o ourives Landry teria pedido a um vizinho, de nome Petrucci, para guardar um envelope com documentos. Ia viajar. Recomendou que, se não voltasse em três meses, os documentos deveriam chegar às mãos de Luís 18, rei da França.
Logo em seguida, um jornal de Viena noticiou que um homem fora morto quando tentava invadir o palácio de Schöenbrunn, onde vivia o Duque de Reichstadt, filho de Napoleão com a princesa austríaca Maria Luisa.
Como Sílvio Landry não retornasse a Verona, findo os três meses do prazo, Petrucci teria remetido o envelope ao rei da França, recebendo uma fortuna para guardar segredo sobre o episódio.
Alguns jornais, muito tempo depois, publicaram matérias a respeito, mas a versão da dupla morte de Napoleão nunca foi confirmada.
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