domingo, 1 de agosto de 2010

O metro da corrupção – Jayme Copstein

Sou um jornalista feliz pela certeza de que, aos sábados, tenho no mínimo quatro leitores atentos. Tão logo leram O Sul, anteontem, endereçaram-me mensagens assinalando o absurdo que escrevi em "Curiosidades": "Se conseguíssemos empilhar um milhão de moedas de um real, uma em cima da outra, formaríamos uma coluna de 2 quilômetros de altura, ou seja, um edifício de 10 andares".

Não sei dizer como esse cálculo maluco surgiu na frase, eu diria até por geração espontânea, revivendo teorias científicas há muito arquivadas. Inicialmente, pretendi apenas dar ideia da corrupção no Brasil, utilizando inclusive um texto antigo, mas usando notas de um real. Calculei que três delas teriam a espessura de um milímetro. Juntando um milhão, teríamos uma coluna de 333,33 metros, algo aproximado à altura do Empire State, com seus 104 andares.

Como não achei no bolso nenhuma nota de um real – estão sendo recolhidas – e não tenho como conferir a relação três por milímetro, mudei para a moeda, com espessura de dois centímetros. Continuo sem saber como os 2 quilômetros se transformaram em um prédio de 10 andares.

O leitor Newton Campos foi generoso: "Sou seu leitor diário e logicamente admirador de seus textos. Pena que na matemática você também não seja tão bom. A altura de sua coluna de moedas de um real está correta, mas o seu prédio de dez andares, teria para cada andar, um "pé-direito" (altura de cada andar) de 200,00m o que me parece um exagero. Na realidade o seu prédio teria 666 andares (com um pé-direito médio de 3,00m).

Bondosa, também, foi Neide La Salvia: "Grande admiração por sua coluna à qual fazemos leitura diária, mas em cálculos o jornalista falhou. Um edifício de dez andares tem em média uns 30 metros de altura. Nada a ver com sua competência e argúcia jornalística e observador comentarista a quem muito respeitamos".

Gabriel Moraes igualmente foi afetuoso: "Acompanho-lhe desde os tempos do Gaúcha na Madrugada, mas é trágico quando a gente se mete a fazer contas sem ter noção relativa (muito comum em jornalismo). Um edifício de 10 andares não deve passar de 30 ou 40 metros de altura. Se 1 milhão de moedas empilhadas perfaz  2 quilômetros, poderíamos empilhar ao lado, aproximadamente, 14 Pirâmides de Quéops. Continuo sendo seu fã".

Sou particularmente grato ao Gabriel Moraes. Ele achou a medida que eu procurava: a corrupção no Brasil mede 14 Pirâmides de Quéops. É ladroeira para nenhuma múmia de faraó botar defeito.

Também cortês, mas zangado, Carlos Quintela não deixou por menos: "Reveja  o tamanho desse seu edifício com 10 andares e mais de 10 Kms de altura. Aliás, a sua coluna é pródiga em absurdos como este!!!".

Só que não escrevi 10 Kms – apenas 2 quilômetros. Mas para consolo meu e também do Carlos Quintela, se ele me permitir, passo adiante o que me contou anteontem o jornalista e professor Marcello Vernet de Beltrand,
quando lhe falei, e também ao Carlos Augusto Bisson, Eurico Sallis e Flávio Del Mese, sobre o meu "prédio" de 10 andares.

Marcello iniciou-se na profissão como revisor do "Correio do Sul" de Bagé, ao tempo em que Mário Lopes era o editor-chefe. Certo dia, o Sindicato dos Contabilistas solicitou a publicação de uma nota sobre interesses da categoria. Até hoje, estão tentando explicar porque a nota foi atribuída ao Sindicato dos... Contrabandistas.


 


 


 

Um comentário:

  1. E aí, Jayme ? Tu tinhas idéia, da repercussão do teu blog ? Eu também li a postagem; só não opinei porque não entendo de numismática, de espessura da moeda etc. De qualquer forma, a gente não tem noção do quanto significa 1 milhão. Nós, servidores públicos não temos esse alcance ! (risos)

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