Jovens estudantes me pedem-me socorro sobre o recenseamento ora em curso no Brasil. Antes de mais nada, para compreender o que está acontecendo é preciso saber a diferença entre censo e recenseamento.
Censo é o registro geral do número de habitantes de um país e das coisas que fazem. O recenseamento é a coleta dos dados que permite o registro. Não basta apenas contar pessoas, animais e coisas. É preciso definir várias particularidades, como idade, sexo, grau de instrução, onde vivem, o que fazem, o que produzem. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima a população brasileira, hoje, em 192.924.526 habitantes. Mas, apenas contar os habitantes, um por um, até chegar a este número, não informa, por exemplo, se o país pode contar com 100 mil especialistas, caso necessite de mão de obra capacitada para incrementar seu programa nuclear.
O censo vai apurar o número de habitantes, distribuição geográfica, capacitação profissional, poder aquisitivo e as suas necessidades. Sem eles, o Governo poderia construir, por exemplo, 5 mil novos hospitais, mas se o governo os construísse só em São Paulo, Guanabara ou Rio Grande do Sul, novo levantamento mostraria que, assim mesmo, o país ainda estaria precisando dos mesmíssimos 5 mil novos hospitais porque as zonas de carência, provàvelmente, seriam Amazonas, Ceará, Sergipe, Bahia, Mato Grosso e Goiás.
História
A história dos censos é remota. Escavações arqueológicas mostram que o efetivo dos exércitos, o número de prisioneiros e o de inimigos abatidos nos campos de batalha era sempre apurado. Era necessário comparar os recursos próprios com os do inimigo e garantir que pudesse ser enfrentado com vantagem e, depois de vencida a batalha, impedir a sua recuperação. Está explícito na referência encontra na Bíblia em Números: "No segundo ano, após a saída dos filhos de Israel do Egito, no primeiro dia do segundo mês, falou o Senhor a Moisés no deserto do Sinai, na tenda da Congregação, dizendo: - Levantai o censo de toda a congregação dos filhos de Israel, segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais, contando todos os homens nominalmente, cabeça por cabeça. Da idade de vinte anos para cima, todos os capazes de sair à guerra em Israel: a esses contareis segundo os seus exércitos; tu e Arão".
Em Roma
Foram os romanos que tornaram o censo instituição permanente, realizando-o a cada cinco anos. Com a decadência e o fim do Império, os censos desapareceram. Na Idade Média, a eles foram atribuídos, como períodos sucessivos de fome e de peste castigos divino ao "pecado de contar homens".
Apenas duas vezes, durante esse tempo, a avaliação de recursos foi intentada. Uma, por ordem de Carios Magno: a outra, por Guilherme, o Conquistador, desconfiado da sonegação das taxas que os proprietários de terras deviam pagar à Coroa.
No Brasil, os censos periódicos se iniciaram a partir de 1872. Estimativas da população foram calculadas anteriormente, desde os tempos coloniais, mas extraídos dos registros paroquiais, os dados não refletiam inteiramente a realidade. O censo repetiu-se em 1890, 1900, mas deixou de ser feito em 1910 devido à grande agitação que marcou a disputa pela Presidência da República, entre Ruy Barbosa e o Marechal Hermes da Fonseca. Foi retomado em 1920 e, de novo foi suspenso em 1930, pela precária situação política. Desde então, tem sido realizado regularmente a cada 10 anos.
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