sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sem alho nem espelho – Jayme Copstein

A melhor coisa que já li sobre a campanha para a Presidência da República, até agora, foi escrita por Carlos Brickmann. Para amenizar o fim de semana, eis o texto:

"Numa chapa, José Serra; na outra, Michel Temer. Ambos fariam sucesso na TV: nem precisariam de maquiagem para estrelar a Família Adams. Ambos fariam sucesso no cinema: Temer é o próprio Bela Lugosi, o astro de Drácula, e Serra nada fica a dever a Boris Karloff, o eterno Frankenstein - nem na cor da pele. Vale a pena ver na TV (passa com frequência) o Crepúsculo dos Deuses, obra-prima de Billy Wilder, em que o austríaco Erich von Stroheim faz o papel de um sinistro mordomo apaixonado pela patroa. Stroheim está ótimo no filme. Mas, se Billy Wilder conhecesse Michel Temer, não hesitaria: o papel seria dele.

Ambos preferiram outras carreiras, e nelas tiveram amplo sucesso. O mais perto que chegaram do show business foi a política, e nela também demonstraram grande capacidade. Um é candidato da oposição à Presidência, outro a vice na chapa da situação. Um só fala em saúde, apoiado em sua aparência saudável. O outro, jurista de peso, um dos grandes constitucionalistas brasileiros, não falou nada, até o momento, contra o crime que se comete contra os direitos individuais, com a violação maciça do sigilo fiscal de dirigentes adversários.

Um dos dois deve chegar lá. De acordo com as tradições populares a respeito de vampiros e demais seres fantasmagóricos, apoiadas em sólidas narrações literárias, essas criaturas não têm a imagem refletida no espelho, e por isso o evitam. E o alho faz com que desapareçam imediatamente. Que país será este, no momento em que não tivermos espelhos e a nossa comida ficar sem tempero?"

Ideia para Serra

Sérgio Machado, da cidade do Rio Grande, sugere para esquentar a campanha presidencial:

"A ideia pode ser meio maluca, mas no atual andar da carruagem até faz sentido. Se a legislação eleitoral tiver previsão que o candidato a vice, no impedimento do titular, assuma a campanha como titular, vamos imediatamente começar uma campanha para a renúncia do Serra, que assim poderá assumir, sem constrangimento, o Ministério da Saúde da Dilma, a candidata do Presidente que ele admira e respeita".

Sérgio Machado acrescenta que Índio da Costa, no comando da campanha, descerá o sarrafo na candidata do Governo. Sua preocupação "com que se desenha no horizonte não é mais Serra perder, é perder por uma goleada histórica que vai aniquilar as oposições no Brasil e mexicanizar nossa política".

Aproveito a deixa para discordar do termo "mexicanização", usado com frequência no Brasil como rotulo de ditaduras populistas que aprenderam a se mascarar de democracia através de mil e um subterfúgios legais. O termo historicamente mais adequado é "abrasileiramento". O México nada mais fez, a partir de 1929, com seu Partido Revolucionário Nacional, depois rebatizado de Partido Revolucionário Institucional, senão copiar os nossos "republicanos" e sua ditadura positivista, aqui implantada em 1889 e derrubada em 1930.

Melhor dito: substituída por outra ditadura, derrubada em 1945 por uma democracia, também derrubada em 1964, por uma democracia que está sendo substituída por uma ditadura vestida com "sombrero", só para dissimular que não é a mesma de 1889.

Nenhum comentário:

Postar um comentário