quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Alegria, alegria – Jayme Copstein

O auditório da Assembléia Geral da ONU serviu de palco para um concurso de comicidade, vencido com larga margem pelo especialista em humor macabro, Muammar Kadhafi.


Consagrado por explodir aviões de passageiros, matando civis inocentes, Kadhafi atualmente retém na Líbia dois cidadãos suíços, em represália por "ofensas" da polícia de Berna a seu filho Hanibal e sua nora Aline, cobrando-lhes multa pela camaçada de pau que deram em duas empregadas domésticas em Berna, onde vivem.

Depois de querer em vão acampar com tenda de beduíno no Central Park, Kadhafi discursou durante 90 minutos, rasgou a carta da ONU, propôs a mudança da respectiva sede para a Líbia, Índia ou China, isso tudo, depois de ter acusado a instituição, juntamente com os Estados Unidos, por todos os crimes do mundo, sem deixar de recomendar que Barak Obama se perpetue como presidente na Casa Branca.

O segundo lugar também teve vencedor absoluto – o duo brasileiro Amorim&Garcia que em estilo brega-sertanejo fez o presidente do Brasil convocar o Conselho de Segurança da ONU e exigir, em nome da comunidade internacional, que a comunidade internacional sentada à sua frente tomasse providência no caso de Honduras.

Já antes, o duo tentara sem sucesso trapalhada no estilo Bud Abbot - Lou Costello, apoiando a candidatura de Farouk Hosni, egípcio racista, à direção-geral da Unesco em detrimento do brasileiro Márcio Barbosa, que já era vice-diretor da entidade, tinha apoio internacional e poderia ter sido eleito se não lhe tivessem puxado o tapete no próprio Itamarati. Em consequência, o mandato de cinco anos coube à búlgara Irina Bokova.

Amorim&Garcia devem estar muito orgulhosos da façanha.

A propósito

O presidente Lula, defendendo o "presidente deposto" acusou jornalistas que lhe perguntavam sobre o "governo de fato" de Honduras, de terem dificuldade de chamá-lo de "governo golpista". Na verdade, é um "governo de fato" por não ter o reconhecimento da comunidade internacional, mas também não se pode falar em "presidente deposto", porque se trata de um "presidente destituído" pelo Congresso com o Judiciário ordenando sua prisão por desrespeito à Constituição. O resto é pura preferência ideológica, e nesse ponto Lula tem razão: quem não é por mim é contra mim.

Lula também declarou que, agora, as eleições hondurenhas marcadas para novembro, "não dá para aceitar". O que ele quis dizer com isso não é fácil de entender. Defende a volta de Zelaya ao governo, mas proíbe que os hondurenhos escolham um novo presidente, de acordo com sua Constituição... Terá o Presidente Lula declarado e vencido secretamente uma guerra contra Honduras e imposto o companheiro Zelaya como governo fantoche?

Decididamente, alguém favoreceu Kadhafi no concurso de comicidade da ONU. Lula estava muito mais engraçado.