segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A reprise – Jayme Copstein

Estava examinando a lista de futuros candidatos a deputados federais, exibidos como troféu por dirigentes políticos que desejam aumentar a representação de seus partidos na Câmara Federal. É simplesmente desanimador.

Não tenho nada contra jogadores de futebol e artistas populares. Até poderia citar nomes oriundos dos estádios ou dos palcos que mostraram liderança e capacitação para a vida pública. Ou chamar a atenção para quem jamais cantou sequer em hora de calouros ou nem gol de chiripa marcou em pelada de bola de meia, e é o que é. Preciso citar nomes?

Nada a ver, portanto, uma coisa com outra. Desanimador, porém, é assistir a reprise da cafajestada propiciada pela perversão eleitoral chamada voto proporcional, responsável por todo o quadro de putrefação da política brasileira. Bem antes de realizar suas convenções, os partidos já estão marcando as cartas, ao escolher os "puxadores de votos"     que vão garantir para a legenda a eleição dos oligarcas de sempre e o quinhão no butim. .

Veja-se, por exemplo, o caso de Romário que sequer sabia a legenda à qual estava se filiando. Se desconhecia até mesmo a sigla, que dirá a ideologia, o programa do partido? E os dirigentes do PSB acaso não sabem que Romário não tem a menor idéia do que seja socialismo?

É que nada disso entra em cogitação em partido algum neste país, por mais máscaras de idealismo e bom-mocismo que atarraxem na fachada. Um puxador de votos engorda a representação no Congresso e dá força à legenda para fazer alianças. Em conseqüência, um partido, cujo candidato a presidente da República não consegue sensibilizar a décima parte dos eleitores, adquire força para definir a administração e decidir o futuro do país..

Como se vê, é um ritual de divisão do poder, que faz políticos sentirem-se donos desta ou daquela repartição pública. O que traz de volta o debate sobre a reforma política e a mudança do sistema de voto proporcional para o de voto distrital, puro ou misto.

Mas como não desanimar se dos sacripantas que disso se beneficiam depende a reforma política? Esperar que renunciem à sacripantagem para servir o Brasil, em lugar de dele se servirem, castrando os eleitores? Mais fácil um camelo... Por favor, nem falem nisso. Acabam candidatando um corcovado – e até elegendo – qualquer só para engordar a legenda.

O lixo do Cairo

Notícia curiosa vem do Egito, onde um pequena comunidade cristãs da periferia do Cairo cria porcos, cuja carne é proibida pelo Corão tal como pelo Levítico. Tal comunidade, a dos "zabaleen", paupérrima, recolhia o lixo da capital egípcia, separava e vendia o material reciclável, destinando os resíduos orgânicos à alimentação dos seus leitões que, por sinal, matava e comia.

No semestre passado, o Ministério da Saúde do Egito, diante da ameaça da gripe suína e confundindo alhos com bugalhos, acabou com a criação de porcos. A partir deste momento, os "zabaleen" passaram a recolher apenas o material reciclável do lixo, espalhando o resto no chão. A consequência é o mau-cheiro insuportável que se desprende dos detritos orgânicos atulhando as ruas do Cairo.