Lição de vida
O drama enfrentado pelo vice-presidente da República, José Alencar, é capítulo da vida de todos. É o cálice que nos cabe beber para arrematar a festa de existir e regressar ao Nirvana, de onde saímos para nascer.
Nunca nos preocupa saber como era antes de nascer, e a explicação simplificada de proteínas se combinando por incitamento de hormônios em nada nos afeta. Mas a mesma resposta insatisfatória, quando nos falam na decomposição do corpo em combinações de carbono, nitrogênio e fósforo, com direito à assombração do boi-tatá, nos apavora quando perguntamos o que vem depois da morte.
Como político, a trajetória de Alencar não é de chamar a atenção. Mas, justamente por ser figura pública, lega exemplo pessoal digno de se perpetuar na memória da Nação. Ele enfrenta o inevitável com coragem e equilíbrio. Não recorre a pieguices para comover e angariar a piedade nem tenta refúgio no milagre das pajelanças. Simplesmente reza o de sempre, o mesmo de quando tinha toda os seus dias pela frente – o "Padre-Nosso" que os cristãos aprendem quando crianças, como nós, os judeus, o Shemá.
Alencar não formula lições de vida e esta é a sua lição de vida. Faz dois anos que os médicos lhe disseram que a batalha contra morte estava perdida. Não se queixou, e só agora contou aos jornalistas. Dedica-se, desde então, a lutar para não perder o que lhe resta viver e se engrandece ao mostrar que teria feito falta se não tivesse nascido. É a sua vitória contra a morte. Vai sobreviver a ela.
Festa de gaúcho
O jornalista José Luiz Prévidi, dono de humor inteligente critica com toda a razão a incompetência do Rio Grande do Sul no que diz respeito a festas: "Não tenho implicância com os grandes eventos que tentam fazer no nosso Estado – diz Prévidi - mas são todos de lascar. A Expointer, por exemplo: o povo vai lá e paga uma grana preta para andar no barro, para comer mal e não ganha nem um brinde. Nem folheto (pobre sempre adorou juntar folheto). Lembram que no ano passado o principal restaurante não aceitava cartão de crédito? Nos desfiles cívicos, como o recente 7 de Setembro, é um horror! O infeliz tem que sair de casa rezando para não ter vontade de fazer xixi ou, pior, uma inesperada dor de barriga. Não instalam banheiros químicos, não tem jeito! Ainda não fui nos desfiles de Carnaval, porque não sei chegar lá e tenho medo de me perder. Mas me dizem que o local é de primeiro mundo."
Prévidi externa a insatisfação de muita gente sobre dois eventos culturais que exigiram imensos esforços de gerações passadas para alcançar projeção internacional: "O que falar do Festival de Cinema de Gramado? Virou point de sumidades que integraram o BBB. Bons tempos aqueles em que o Brasil fazia cinema, nas décadas de 70 e 80 do século passado. E a Feira do Livro de Porto Alegre? Em que virou aquilo? Bons tempos em que se podia conversar na praça da Alfândega com escritores de verdade, como Rubem Fonseca, Mario Quinta e Ligia Fagundes Telles. Hoje é um "evento cultural" – argh!!"
Sobra, na conclusão, também para o Acampamento Farroupilha: "Não gosto de criticar o Acampamento, porque o repórter e amigão Giovani Grizotti fica furioso. Todo ano oferecem novidades, tal e coisa, mas o barro é a principal característica do local. Ninguém sai de lá sem terminar com os calçados e sem sujar as calças de barro. É tarefa de gincana gaudéria."
O texto completo pode ser lido em www.previdi.com.br