terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A revisão da Anistia – Jayme Copstein

Não tivesse o objetivo claro de desviar as atenções, a revisão da Lei da Anistia, levantada de tempos em tempos, seria molecagem, tipo "épater le bourgeois" (= atormentar o burguês) que a esquerdalha faz para matar o tempo quando não está salvando a pátria e cobrando polpudos royalties por isso. Mas do que estariam neste momento tentando desviar a atenção, tantas são as obscuridades que assombram a ética deste país? Há quem fale em encenação para colher dividendos eleitorais, acendendo a fogueira para ser extinta pelo reconhecido espírito conciliador do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como diz o ministro Tarso Genro.

Há quem levante outras hipóteses. Será a negociata da compra dos aviões militares, com o Governo se decidindo pela tecnologia francesa, a pior e a mais cara, em detrimento da sueca e da norte-americana, ordem a que dão preferência os especialistas das próprias Forças Armadas? Ou o rombo das finanças, produzido pela gastança desenfreada com o aparelhamento do Estado, e que deverá estourar em breve se algum milagre não acontecer no cenário internacional?

Há ainda muitas outras suposições, mas certamente a revisão da Lei da Anistia em si não é o objetivo. Todos os postulantes estão cansados de saber que no direito penal nada retroage a não ser para beneficiar o infrator, e que já prescreveram, sem exceção, todos os crimes cometidos até 06 de 1980, quem dirá os abrangidos pela Lei da Anistia, cuja promulgação tem a data de 28 de agosto de 1979.

Fiquemos, portanto, com a primeira hipótese, a eleitoreira, considerada, porém, do ponto de vista histórico. Quando a anistia começou a ser negociada, ninguém do então MDB queria incluir Leonel Brizola e Miguel Arraes, sob o pretexto de não provocar os militares que os tinham como responsáveis pelas agitações que provocaram a reação militar de de 1964.

A verdade era outra: a luta pelo poder. Naquele tempo, um líder comunista desabafou na Rua da Praia – este colunista testemunhou – que não pensasse "Brizola que voltava para o comando". Teria de "mostrar ser bom militante para ser aceito de volta". Em outras palavras, havia novos líderes na oposição, ninguém estava disposto a dividir os privilégios da posição, principalmente naquele momento em que o maná da Terra Prometida ficava ao alcance da mão, após quase 20 anos a pão e água.

Quem resolveu a pendenga, dizem, foi Golbery do Couto e Silva, com a intenção clara de provocar e aprofundar o conflito para pulverizar a Oposição. Quem transmitiu a mensagem a Thales Ramalho, Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, foi Petrônio Portela: sem Brizola e Arraes, não seria anistia.

Portanto, ressuscitar o debate, sabendo-se de antemão da sua esterilidade, para convocar Lula a exercer o seu paternal talento de apaziguador, só pode ter uma interpretação: demonstrar que ele deve se perpetuar na Presidência por ser o único capaz de governar o país, pacificando os ânimos etc. etc. etc. Em outras palavras: golpe de estado, arrombando as instituições democráticas, como Zelaya tentou, recentemente, em Honduras.

Mural

Eliana Camejo e sua equipe sugerem a leitura da Revista do Shopping do Porto (Camelódromo), edição de dezembro, com uma centena de sugestões para homens, mulheres e crianças se vestirem na moda deste verão, gastando pouco.

Fritz&Frida (marca da Frölich S.A, indústria de alimentação) vão distribuir neste verão, em Imbé e Tramandái, 100 mil pulseirinhas do "bem", para identificar crianças veranistas e evitar que se percam dos pais.