domingo, 3 de janeiro de 2010

De FHC a Lula – Jayme Copstein

Crônica que deveria correr a Internet, em lugar das chatices que costumam vir com o gancho de "imperdível", "sensacional", "passe adiante" – é a de Elio Gaspary na Folha de São Paulo de ontem: "Não foi o PT nem o PSDB, foram os dois". Gaspary resume análise de números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PND) de 1996 e 2002 (anos tucanos) e a de 2008 (anos petistas), feita pelo economista Claudio Salm, comprovando que, de Fernando Henrique Cardoso a Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil cresceu com igual velocidade e em ritmo equivalente.

Salm é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Comparou os números dos relatórios das PNDs de 1996 e 2002 (mandatos de Fernando Henrique Cardoso) e 2008 (a mais recente do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva). Estabeleceu uma reta de progresso contínuo, sem nenhum contribuição especial do Governo petista que jogue a linha para cima.

Em 1996, início do Governo Fernando Henrique Cardoso, 48,5% dos domicílios pobres eram servidos por água encanada. Em 2002, fim do mandato, eram 59,6% - crescimento de 11,1 pontos percentuais (pp). A PND de 2008, no sexto ano do Governo Lula, mostra ascensão para 68,3%, crescimento de 8,7 pp. Verificou-se o mesmo com o serviço de esgotos: crescimento de 9,1 pp no período de FHC, incluindo 41,4% dos domicílios pobres, passando-se a 52,4% em 2008, com acréscimo de 11,3 pp.

Em 2002, os 79,9% de domicílios pobres servidos por eletricidade elevaram-se para 90,8%, aumento de 10,9 pp em 2002. Em 2008, somaram 96,2%, crescimento de 6,2 pp. Na telefonia, os números são: 5,1% em 1996, 28,6% em 2002 e 64,8% em 2008. Domicílios pobres eq    uipados com geladeiras eram 46,9% em 1996, 66,1% em 2002 e 80,1% em 2008.

Gaspary conclui a crônica, comentando que "Nunca antes na história deste país um governante se apropriou das boas realizações alheias e nunca antes na história deste país um partido político envergonhou-se de seus êxitos junto ao andar de baixo com a soberba do tucanato" Ao que se pode acrescentar uma frase lida em algum lugar: "Política é o meio que alguns têm para fazer fortuna e outros, para procurar desgraça". .

De profeta e louco

A revista Foreign Policy (http://www.foreignpolicy.com) organizou sua lista de Cem Pensadores Globais desta primeira década e incluiu entre personalidade como Barak Obama, o Papa, e o ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso. Lula não entrou na lista. Tem lugar reservado na de "Sem Pensadores Globais". Questão de ortografia, supõe-se.

Foi relacionado, entre os cem pensadores um nome ao qual a imprensa brasileira não tem dado nenhum destaque. Já tenho recomendado sua página na Internet a um porção de amigos e dele tenho falado nesta coluna: economista Nouriel Roubini, da Universidade de Nova York. Foi chamado de maluco, em 2006, quando predisse o estouro da bolha imobiliária americana que mergulhou o mundo na crise. Agora, foi promovido a profeta.

Roubini já advertiu em página na Internet (http://www.roubini.com) sobre a nova bolha que está se formando nas chamadas economias emergentes – o Brasil é uma delas. Grandes quantias são trazidas das economias em crise, onde os juros se reduziram a taxas simbólicas, e estão sendo investidas em mercados de remuneração mais atraente. Quando a situação se reverter, esta bolha vai estourar com as consequências nada aprazíveis para as economias emergentes. Fica a interrogação: Roubini preservará sua posição de profeta ou reverterá à condição de maluco?