quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Mágica besta - Jayme Copstein

A notícia de que o novo salário mínimo, de R$ 380, terá reflexos sobre as aposentadorias, é correta apenas em parte e induzirá beneficiários da Previdência Social a erro. Os magnânimos 8,5% por cento de aumento, a vigorar a partir de abril do ano que vem, só aumentam também os benefícios menores, os de 350 reais, correspondentes ao salário percebido por trabalhadores sem qualificação, assim mesmo em áreas onde a miséria seja feroz. Fora disso é difícil encontrar quem queira trabalhar por tão pouco dinheiro..
Todos os demais benefícios da Previdência Social ganharão apenas os 5% anunciados pelo Governo em fins de novembro. É que a reforma da Previdência de 1998 desvinculou aposentadorias e pensões do salário mínimo. Desde então, os benefícios têm sido corrigidas por índices para supostamente compensar ao menos à inflação.
No Brasil, entretanto, existe uma mágica besta chamada “O gato comeu”, criada pelo grande prestidigitador Luiz Carlos Bresser Pereira. Disso resulta, oito anos depois da reforma, em 40% de perdas – quase a metade – para os aposentados da classe média.
E aí vem o governo com gabolices de justiça social, argumentando com o aumento do rendimento médio das classes D e E. De novo a mágica besta: não foram as classes D e E que tiveram tão substancial ganho de seus proventos. Foi a transferência, pelo empobrecimento, de grande parte da classe B e de toda a classe C para D e E, que gerou a ilusão de enriquecimento dos mais pobres.
É pura mágica besta dos salvadores da pátria.

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