segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

O lápis, o dedo e a mula - Jayme Copstein

O Ministério Público juntou-se aos senadores do 13º salário do bolsa família, aos deputados que aumentam seus subsídios e aos juízes que se negam a cumprir leis salariais legalmente fixadas e por eles aceitas. O seu Conselho Nacional aprovou hoje resolução que acaba com o subteto definido pela Constituição, para os vencimentos dos promotores públicos estaduais. Com isso, passam todos a 24.500 reais por mês, pouco importando a precariedade dos Tesouros Estaduais.
Quando se pergunta a qualquer membro dessas ilustres confrarias, de onde vai sair o dinheiro para pagá-los, os argumentos da resposta começam com um lápis mágico, mostrando que a pretensão só é exorbitante na aparência. Pelo contrário, na prática resultará em economia pela agilização dos serviços, sem que ninguém consiga, até agora, perceber na teoria ou sentir na prática em que consiste esta agilização, que já tem barbas brancas pelo tempo em que é prometida.
Quando se muda a pergunta – qual a contribuição que cada um pode dar para resolver esta crise em que se debate a nação – o lápis se transforma em dedo, apontado para os... “outros”: combater à corrupção, sem quartel!
Olha-se em redor, tudo o que vem à mente é uma velha marcha carnavalesca: “Que me importa que a mula manque, o que eu quero é rosetar.”

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