sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Sem medo de ser feliz - Jayme Copstein

O primeiro canhonaço coube à imprensa – sempre ela. Segundo o grande perito em aviação civil, companheiro Milton Zuanazzi, não tinha nada, era tudo invenção dos contumazes fofoqueiros que as democracias teimam em chamar de jornalistas.
No seguimento, entrou no pelourinho o mau tempo, com toda a certeza “como nunca se viu na história deste país”. Como os aviões, por mais de meio século, flanaram como garças, por esses céus de anil, com amor varonil etc. etc., foge à compreensão dos pobres mortais.
Generalizada a bagunça, a culpa passou às empresas aéreas. Como a velha Varig, com todas as mazelas, dava conta do recado?
Pura ilusão. Éramos alienados, pensávamos todos ser passarinhos. Voávamos sem consciência – que perigo! – sem ter asas de nascença. Já viram coisa mais politicamente incorreta do que esta?
Ainda bem que o nosso grande líder devolveu nossos pés ao chão. Bem verdade, andamos trocando caneladas no tumulto dos aeroportos congestionados, mas, ora que insignificância, mera penitência, por termos sido conduzidos ao paraíso.
Ou será que vocês ainda não perderam o medo de ser felizes?

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