De volta ao noticiário as especulações sobre a morte do marechal Castello Branco, primeiro chefe da ditadura militar instaurada em abril de 1964. A revista IstoÉ desta semana traz reportagem de cinco páginas, com suspeitas do procurador da República no Ceará, Alessander Wilson Cabral Sales, manifestadas em ação civil contra a União, para obter “informações mais detalhadas”.
Tenho uma pequena contribuição ao caso, colhida acidentalmente ao entrevistar Rachel de Queiroz para a Rádio Gaúcha, em 1989, quando a Editora José Olímpio reuniu sua obra adulta em cinco volumes. O nome de Castello Branco surgiu na entrevista porque eles eram primos distantes. O marechal tinha ido visitá-la, em Quixadá, no interior do Ceará. Foi de lá que partiu para a morte.
A hipótese de assassinato político já era rumor corrente, então. Rachel refutou a versão. Contou que, ao partir para Fortaleza, Castello pediu ao piloto do avião para sobrevoar, no trajeto, um conjunto habitacional, construído na região em seu tempo de presidente.
Tal como ocorrera com Salgado Filho, muitos anos antes, e iria acontecer com Ulysses Guimarães, poucos anos depois, o piloto se opôs, mas foi vencido pela teimosia de Castello. Diferente do caso de Salgado e Ulysses, em que havia problemas de mau tempo, o piloto alertou Castello que a área era reservada ao treinamento dos caças da FAB, portanto, vedada a aviões civis pelo alto risco de acidentes.
Não confere, também, com as informações que se tinha na época, suposto pronunciamento de Castello contra o regime para cuja instauração contribuíra como líder, não como figura secundária. Discordava do grupo de Costa e Silva e defendia a volta à democracia. Para tanto, desejava concorrer a uma cadeira no Senado. Era por isso que estava no Ceará.
segunda-feira, 11 de dezembro de 2006
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