quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

O preço real - Jayme Copstein

A partir de março, o brasileiro vai sentir diretamente no bolso o preço da demagogia e da alienação. A demagogia é do ministro das Comunicações, pretendendo mostrar-se amigo dos pobres, barateando a tarifa telefônica, sem levar em conta que quase a metade da conta que pagamos todos os meses é imposto. A alienação é de amadores arvorados em defensores do consumidor, sem examinar que o atual sistema reduzia o preço ao garantir às empresas de telefonia um faturamento mínimo mensal.
Os defensores do consumidor queriam o preto no branco, nos mínimos detalhes. Saber quanto as telefônicas cobravam por cada perdigoto cuspido no bocal do aparelho. Agora vão ficar sabendo: o minuto excedente, que custava pouco menos de três centavos, passa agora a 31 centavos – dez vezes mais.
Já o novo pai dos pobres, ministro Hélio Costa sabe que das contas, mas prometeu, no ano passado, subsidiar as contas dessas pessoas com o dinheiro do Fust, o Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações, hoje somando cerca de R$ 3 bilhões. Quando esses reais acabarem, os pobres cairão “na real”. Ficarão sem telefonia. O Fust, sem dinheiro.
Só restará apelar ao grande filósofo português Manoel, que acha desnecessário inventar anedota de brasileiro. Segundo ele, este é um país gracioso pela própria natureza, salve, salve, pátria amada e, também – quem puder.

Comentários:

Surfista Prateado: Dentro da "Revolução Bolivariana" a que estão nos submetendo aos poucos, como sapos colocados dentro de uma panela em fogo brando, nada mais surpreende. Dizia Roberto Campos que o Brasil tem saída, é o aeroporto, mas até com isso estão acabando... Provavelmente, quando o dinheiro do FUST acabar, aumentarão os impostos, porque já deve estar até na Constituição que o Estado deve providenciar o sagrado direito do cidadão fazer ligações, a "inclusão telefônica". É o Brasil, dividido entre os que tudo podem e os que tudo pagam.

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