segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

O padroeiro do eleitor - Jayme Copstein

Há poucos dias, um leitor de Zero Hora deu resposta contundente à outro leitor que perguntava – “Quando vai terminar tudo isso?” – referindo-se à esbórnia em que se transformou o nosso parlamento, com a falta de escrúpulos de uns e a cumplicidade de outros, que escondem sua própria imoralidade em conveniente silêncio.
A resposta contundente do leitor era: no dia em que as pessoas como a que fazia a perguntava, votassem com mais critério e consciência. Pois esta semana, ainda fervendo a indignação pelo assalto ao Tesouro, praticado pelas mesas do Senado e da Câmara, mas com o calado consentimento de todos os parlamentares, exceto alguns poucos do PT, a revista Veja publica a malandragem de um deputado do PSB de Alagoas, Oswaldo Carimbão, para ganhar a presidência da Comissão de Minorias da Câmara Federal.
Deve haver qualquer privilégio para que cargos assim sejam disputados com tanto entusiasmo. No caso, Carimbão defrontou-se com Luíza Erundina, que desejava o posto para a sua minoria, ou seja, a das mulheres. Ao que, de bate-pronto, Carimbão argumentou ainda com uma minoria bem menor. “Eu sou gay” – ele trovejou no recinto.
Como todo o mundo ficou bestificado – ou todos estavam de camanga para passar para trás Luíza Erundina, o machão Carimbão agora representa os gays na Comissão de Minorias. Como a quem alega cabe a prova, o ilustre representante socialista das Alagoas deveria ser intimado a comprovar a sua preferência sexual na prática. Sempre haveria alguns halterofilistas dispostos a contribuir a moralização, se não de todo o parlamento nacional, ao menos da presidência da Comissão de Minorias da Câmara.
A propósito: sabem quando o eleitor brasileiro vai votar com critério e consciência? No dia de São Nunca.

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