Não é só o código de porta de cadeia, feito para garantir impunidade a quem possa pagar especialistas na endoidecida legislação de execuções criminais, que afoga o Brasil em inaudita violência. É o feudalismo político que transforma áreas vitais –a segurança, por exemplo – em latifúndios a serem distribuídos como quinhão eleitoral.
Resulta daí uma Polícia sem comando, dividida em seus próprios feudos, mal equipada, mal treinada e tão mal-paga em seus escalões inferiores, que empurra os mais humildes servidores ao convívio dos criminosos, em vilas periféricas onde a Polícia não chega.
Ali, eles não podem dizer que são policiais. Haverá cena mais patética que a de um PM obrigado a envergar a farda longe de casa, para não ser morto pelos marginais da vizinhança?
Se ele, “a autoridade”, é obrigado a tão humilhante agachamento, o que resta aos demais vileiros, que só existem para votar e pagar os impostos cobrados até mesmo de uma fatia de pão dormido, tudo para sustentar a malta de gatunos de alto coturno que refocilam em mensalões, sanguessugas e outras grossas bandalheiras sem batismo?
É só conferir a lista de protagonistas de latrocínios, seqüestros e tudo o mais que está nos apavorando. São insuspeitos empregados domésticos, vigias, biscateiros, desempregados, gente humilde, desprotegida e acossada no dilema de matar para não ser preso ou morrer por desobediência ao bandido do morro.
Aí, sobrevêm indignados clamores pela pena de morte ou de prisão perpétua. De acordo. Mas, quem a merece?
terça-feira, 19 de dezembro de 2006
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