É da natureza do homem a cegueira e a surdez para os acontecimentos transcendentais, que mudam o rumo da civilização. Abafadas pelos estrondos da carnificina do Iraque, pouco se ouviu das preces murmuradas por padres e rabinos, em ação de graças pelos 40 anos da Nostra Aetate, a declaração do Concílio Vaticano II, que pôs fim a dois milênios de desavenças entre judeus e cristãos.
Quem penetra na profundidade deste conflito, surpreende-se como a pequenez e a complexidade das paixões pode se sobrepor à grandeza e à singeleza da razão. Judeus e cristãos estiveram sempre separados apenas por um tempo de verbo: o Messias, já veio, dizem os cristãos. Ele virá, dizem os judeus.
Apesar de discordância tão pequena, foram necessários 40 anos, desde a aprovação da Nostra Aetate, para que pudessem estar juntos, na mesma ação de graças, convencidos de que o diálogo entre eles não é uma concessão, mas uma obrigação de irmãos.
Significará, como querem algumas interpretações, o fim dos tempos? Ou será apenas o fim tão ansiado deste tempo de miséria e de violências de que é feita a história humana, desde que descemos das árvores e saímos das cavernas?
Há uma Terra da Promissão à nossa espera, um pouco além do infinito agora desvendado pela reconciliação plena de judeus e cristãos. De quantos 40 anos ainda necessitaremos para a reconciliação de toda a espécie humana?
terça-feira, 1 de novembro de 2005
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