A Folha de São Paulo publicou ontem, na primeira página, a foto de Paulo Maluf em Campos do Jordão, com amigos e seguranças, tomando cerveja e saboreando pastel de carne.
Maluf deu entrevista. Sente-se injustiçado, compara-se a figuras como Wa-shington Luís, Getúlio Vargas, Juscelino Kubistchek, Jânio Quadros, Adhe-mar de Barros e Lula, dizendo que também sofreram perseguição política.
Faz anos que Maluf joga cabra-cega com a Justiça brasileira. Só agora é que curtiu uns poucos 40 dias de cadeia. Fica difícil encaixar na sua teoria os de-pósitos multimilionários descobertos em paraísos fiscais e bancos suíços, que ele sempre negava sob palavra de honra e jurando em nome de Deus.
Há, também, absoluta impropriedade na comparação com outras figuras po-líticas. Jamais pesou contra Washington Luís, Getúlio, Juscelino, Jânio e Lula qualquer acusação de gatunagem.
Havia murmúrios contra Adhemar de Barros. Ele próprio adotava o eslogan – rouba, mas faz. Jamais apareceu indício, por pequeno que fosse, para levá-lo aos tribunais. O caso da urna marajoara não passou de palhaçada patroci-nada pelo seu inimigo figadal, Jânio Quadros.
Fora as impropriedades históricas, Maluf está muito bem. Já não mostra o ar martirizado de cristão primitivo que afivelou no rosto para sair da cadeia. Fez a barba, voltou a falar pelos cotovelos.
Só não devia ter comido pastel com a cervejinha gelada, lá em Campos de Jordão. Assentava melhor uma boa pizza de marmelada. Não acham?
quinta-feira, 3 de novembro de 2005
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