É só comparar a situação brasileira com a da Argentina, para se conceder ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o aplauso por preservar, em seu governo, a política que está reabilitando as nossas finanças. Ressalve-se: depois que Sarney quebrou o país, é tarefa para muitas gerações.
Lula mantém Palocci a despeito de suas próprias convicções, porque sabe que a efervescência da área econômica, no último ano de Fernando Henrique Cardoso, deveu-se ao receio de utopias balaqueiras e aventuras infantis. Onde ele cedeu às mágicas e sortilégios de amadores aficionados, caso da diplomacia, os resultados são desalentadores.
Kirchner, depois das gabolices, do calote de parte da dívida que só lesou indefesos aposentados italianos, tem agora uma inflação que já está em dois dígitos.
Como a mágica não faz mais efeito, Kirchner demitiu o ministro da Fazenda, Roberto Lavagna, de cuja contenção discordava e era quem segurava as pontas. Inclusive se rebelava contra a corrupção que gerou escândalos na área da construção civil.
O que espera a Argentina nos próximos dois anos não é muito animador: aumento das tarifas públicas, contidas para Kirchner ganhar a eleição, dificuldades para fechar novo acordo com o FMI, depois do calote, e necessidades de juros altos para atrair investimentos.
Já vimos este filme nos tempos de José Sarney. Não foi?
terça-feira, 29 de novembro de 2005
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