quarta-feira, 16 de novembro de 2005

No quartel de Abrantes - Jayme Copstein

As manobras de governo para neutralizar a oposição e preservar o ministro Antônio Palocci da roda de fogo da CPI, foram de raro amadorismo.
Resultou em puro non-sense. Palocci dava respostas a perguntas que não lhe eram feitas sobre suposta corrupção em Ribeirão Preto e na angariação de fundos para a campanha de Lula. A oposição o forçava a defender a política econômica, deixando a ministra Dilma Roussef, sua crítica feroz, em péssimos lençóis.
O Planalto, com a antecipação do depoimento de Palocci, montara uma arapuca para pegar a oposição com as calças na mão.
Apostava, primeiro, na ausência dos senadores em uma semana decapitada por feriadão, e por último, na falta de tempo dos inquisidores sobrantes para ajustar a alça de mira.
Palocci reduziria a pó-de-traque por falta de contundência, de evidências e de provas, as poucas acusações que lhe seriam levantadas.
Não foi preciso muito brilho para que os canhões do Planalto dessem chabu. A presença dos senadores era significativa e a oposição se limitou às excelências da condução da economia, deixando a inquirição mais escabrosa para outra oportunidade. O que prolonga a agonia do governo.
Em um governo de comportamento normal e portanto previsível, não restaria alternativa a Dilma Roussef a não ser a demissão voluntária. Mas como do governo Lula se pode esperar tudo e até mesmo nada – a frase é do jornalista Bóris Casoy – não se sabe o que vai acontecer nem com Dilma nem com Palocci.
Parece comprovado é que Dilma cumpriu tarefa determinada pela nomenclatura do Partido dos Trabalhadores e com pleno conhecimento de Lula. Tanto assim que, de manhã, assustado com queda da bolsa e a elevação do dólar, ao discursar na 3ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, Lula elogiou a conjuntura econômica, assegurou a preservação da política do Ministério da Fazenda, mas não fez uma única referência a Palocci, que, por conseguinte, continua com a cabeça a prêmio.
Enfim, segue tudo como dantes no quartel de Abrantes

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