quinta-feira, 3 de novembro de 2005

O recheio do pastel - Jayme Copstein

Um assessor do vice-presidente Dick Chenney, portanto figura para lá de secundária no quadro político norte-americano, põe a administração de George W. Bush em palpos de aranha, simplesmente porque negou ter delatado a identidade de uma agente secreta da CIA.
O crime não é ter posto em risco a vida da mulher, casada, por sinal, com um crítico da guerra do Iraque, mas ter mentido, o que é inadmissível a quem quer que seja diante da Justiça dos Estados Unidos, mormente se integrar a administração pública de qualquer escalão.
Foi o que derrubou o ex-presidente Nixon nos anos 70. O escândalo de Watergate não passava de escaramuça política. A sala do Partido Democrata naquele edifício comercial já estava entregue às baratas há muito tempo. Nada de importante havia por ali.
O problema de Nixon foi ter sido flagrado, mentindo a respeito do caso. Pecado indesculpável para políticos em qualquer lugar mundo, não o de mentir, mas o de se deixar apanhar na mentira. Bill Clinton conseguiu escapar porque, sob juramento, não sustentou a negativa e confessou as suas relações com Mônica Lewinski.
Enquanto isso, entre nós, hábeas corpus garantem o direito de mentir e Paulo Maluf saboreia pastéis regados a cerveja. Fala-se que o recheio é de guisado de carne. Mais certo, porém, é pensar-se em brisa e marmelada

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