sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Lula, o iluminado - Jayme Copstein

Um dia depois de ter assumido a presidência da República, deixando de lado fantasias de Pedro Álvares Cabral, para reconhecer que a estabilidade econômica é um legado de governos anteriores – e nem podia ser diferente – o sr. Luiz Inácio Lula da Silva assume o papel de Sherlock Holmes. Agora comunica à Nação a sábia conclusão de que o assassinato de Celso Daniel é apenas um crime comum e os grandes culpados são os promotores de Justiça que desejam tirar proveito político.
Ninguém entende que utilidade teria qualquer proveito político para promotores de Justiça que não se metem em política e investigaram também o governo anterior, para satisfação do próprio sr. Luiz Inácio Lula da Silva quando ele era oposição.
Não foram os promotores de Justiça os primeiros a levantar a suspeita de que alguma coisa grave se escondia por trás do assassinato de Celso Daniel. Era a própria opinião pública que não engolia a versão fabricada para esconder a verdade. As muitas testemunhas do crime, abatidas uma a uma, mostraram posteriormente que as suspeitas generalizadas tinham fundamento.
Tão logo o noticiário daqueles dias descreveu as circunstâncias do crime, a versão de Sérgio Sombra não se sustentou. Logo emergiu um grosso esquema de corrupção que não pode ser dissociado do episódio e é o maior já montado na história deste país.
Os representantes do governo na CPI dos bingos exigem, com razão, incluir na lista dos patrocinados por Marcos Valério o senador Eduardo Azeredo, do PSDB. A intenção é provar que o seu partido não inventou a corrupção, que não foram os únicos a praticá-la. Só que, antes, afirmavam que eram únicos que não faziam.
Devemos ser gratos às luzes esplendorosas de sabedoria que o sr. Luiz Inácio Lula da Silva irradia sobre todos nós. Pena não serem suficientes para aclarar nem o caso Celso Daniel e nem o escândalo do mensalão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário