quarta-feira, 21 de junho de 2006

Briga de gatos - Jayme Copstein

Parece mentira. Parece, mas não é. Fernando Collor de Mello acaba de declarar, de público, seu apoio à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva. E de parte de Lula ou de seus correligionários não se ouviu um pio sequer de repúdio. Assim sendo, nas próximas eleições, o “quadrilheiro” de Alagoas e “Lula e seus asseclas” do mensalão, tal como ambos se definiram em entrevistas ao jornalista Milton Neves, estarão de mãozinhas dadas, como um casal de gatinhos enamorados.
Quem chamou a atenção para a mais inimaginável aliança da política brasileira, foi o jornalista Carlos Brickmann, em sua coluna no Diário do Grande ABC, São Paulo. Brickmann alinha ainda outros desses casamentos do diabo, como diriam os franceses. No fim dos anos 80, liderados por Mário Covas, políticos do PMDB, em nome da ética e porque não queriam a companhia de alguém como Orestes Quércia, saíram do partido para fundar o PSDB. Agora os tucanos oferecem a própria alma em troca do apoio de Quércia à candidatura de José Serra ao governo de São Paulo e a de Geraldo Alkimin á presidência da República.
O único obstáculo é o osso transbordante de tutano que Lula oferece aos lábios sedentos de Quércia, para obter seu apoio à reeleição. No passado, conforme lembra Carlos Brickmann, Quércia disse que Lula não merecia ser eleito, porque jamais dirigira sequer um carrinho de pipoca. Lula respondeu que nunca tinha roubado a pipoca do carrinho. Agora, Lula quer Quércia e o PMDB juntos em sua reeleição, dando-lhes o que pedirem em troca do apoio.
Por falar em gatos enamorados, contam que Noé e sua mulher, assistiam ao desembarque dos casais da arca encalhada no Monte Ararat, ao fim do dilúvio. Era um desfile monótono, o leão e a leoa, o elefante e a elfa, o casal de zebras e por aí afora, todos de passo certo, até aparecerem o gato e a gata. Vinham acompanhados de cinco gatinhos que não estavam na conta.
Noé virou-se para a mulher e disse: “Não te falei que aquilo não era briga?! Aí está!”.
Noé sabia tudo de malandragem. De acordo com a Bíblia, ele tinha 500 anos de idade. A mesma do Brasil.

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