Enfim, uma proposta decente, defendida por um candidato à presidência da República: parlamentarismo. Vem de Geraldo Alkimin, administrador íntegro e competente, como demonstram os anos que governou São Paulo. Pena que talvez não seja levada em conta pelo eleitorado, por vir de um político sério, de postura que não cabe no perfil espaventoso de rei Momo, cujo carnaval ameaça prorrogar-se por mais quatro anos no Palácio do Planalto.
Geraldo Alkimin constata o que qualquer cabeça no lugar perceberá, caso se detenha a buscar a origem da nossa interminável crise: o esgotamento do presidencialismo como modelo político. Imposto pelo golpe militar que proclamou a república, em seus 117 anos de sucessivos desastres, afora várias ditaduras e a permanente instabilidade, agora descambou definitivamente para o despudor. O que temos hoje como arremedo de alianças eleitorais é uma coreografia dos gatunos de ontem bailando com os gatunos de hoje e acenando gazuas para os gatunos de amanhã.
Falta, entretanto, à proposta de Geraldo Alkimin, a instituição do voto distrital puro, para devolver representatividade à Câmara dos Deputados. O voto proporcional que hoje adotamos, nada mais é que uma perversão. Reserva ao eleitor apenas o triste papel de assegurar impunidade, sem revogação possível, como se tem visto, através de mandatos conferidos a bandalhos endinheirados ou a demagogos dotados de poder de sedução.
Sem o voto distrital puro, não haverá país viável.
sexta-feira, 23 de junho de 2006
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