Há poucos dias, o sr. Luiz Inácio Lula da Silva desafiou a oposição a desenrolar o carretel de denúncias contra seu governo e seu partido. Parece convencido que as atuais pesquisas de opinião, indicando reeleição já no primeiro turno do próximo pleito, são irrevogáveis. Por isso, julga que já não há mais nada que possa atingi-lo.
Ainda que a capacidade do sr. Luiz Inácio Lula da Silva de se superar pareça infinita, este é seu erro mais crasso por ele cometido. Sem dar-se conta de que é o único candidato em campanha em uma campanha eleitoral que ainda não começou, por conta própria já criou um arranca-rabo com o jogador de futebol Ronaldo Nazário, a quem até pediu desculpas, apesar de por ele ter sido chamado de bêbado.
Tampouco a oposição precisou se mexer, para novas denúncias de corrupção pipocarem na caçarola do Planalto. Vieram à tona revelações sobre preferências do ministro da Justiça, ilustre advogado criminalista, em receber honorários em paraísos fiscais, longe dos olhos da Receita Federal. Ninguém precisa dizer uma só palavra a respeito. É só começar a repetir as palavras do próprio dr. MárcioThomaz Bastos – “caixa dois é coisa de bandido” – que algum efeito há surtir.
Até agora, o sr. Luiz Inácio Lula da Silva defendia-se do escândalo do mensalão, dizendo que ignorava o que estava acontecendo. Só que a alegação não vale para os candidatos a deputado federal pelo PT de São Paulo: todos os mensalistas confessos e absolvidos no escandaloso acordão da Câmara Federal estão concorrendo à renovação dos mandatos.
Qual será a desculpa agora? A de que todos roubam, eles apenas inovaram a nobre arte, inventando o transporte de dólares em cuecas?
O excelentíssimo senhor presidente da República tem pela frente uma árdua campanha. O eleitor brasileiro, um desafio ainda muito mais difícil.
quarta-feira, 14 de junho de 2006
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