quinta-feira, 1 de junho de 2006

Psicografias brasileiras - Jayme Copstein

Recente decisão do Tribunal do Júri de Viamão, Rio Grande do Sul, reconhecendo como prova uma carta psicografada da vítima assassinada, inocentando a ré, não é em si alarmante. Não seria a primeira decisão jovial da Justiça brasileira, graças a advogados ardilosos, capazes de arrancar até sentenças contrárias à lei da gravidade. Afinal, juízes devem decidir de acordo com as “realidades da vida”, seja lá o que isso signifique. Uma das realidades da vida é que as águas dos rios não entornam em “riba da gente”, mesmo a Terra sendo redonda. Donde se conclui que Newton é muito bom lá pras inglesas dele. Aqui no Brasil é diferente, squindô, squindô.
Preocupante mesmo será o dia em que a pesquisa do DNA for substituída pela confissão do morto, também psicografada por algum vivo, de ter estuprado uma formiga. Do “conúbio” nasceu um hipopótamo, com direito a quinhão na herança já partilhada antes mesmo de Cabral desembarcar na Bahia e as vergonhas cerradinhas das nossas índias hipnotizarem Pero Vaz Caminha.
O problema é que a formiga era apaixonada por um tamanduá que andava dando bandeira por aí e queria ser comida por ele, em versão politicamente correta da grande ópera “A morta virgem”. Como se frustrou nas três aspirações - não foi papada, não morreu e até ficou mal-falada – merece substancial indenização por danos morais.
De onde sairá o dinheiro? O contribuinte brasileiro olhe para o próprio bolso.
Lá vai encontrar a resposta.

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