terça-feira, 27 de junho de 2006

Das espertezas burras - Jayme Copstein

Faz moda na Internet uma nova modalidade da velha esperteza burra, responsável por muitos ridículos e algumas tragédias neste país. Trata-se de um chamado “partido do voto nulo”, que prega o que o próprio nome está dizendo – anular o voto para anular as próprias eleições.
Os mentores da asnice com toda a certeza já cansaram de votar em cacarecos e macacos “tiões” e também de atar um nariz de palhaço na cara, para se sentirem espirituosos e inteligentes. Agora criaram a bobajada, a partir da leitura mal feita da legislação eleitoral, achando que metade mais um de votos nulos pode anular a eleição.
Anularia eleição no Brasil se a metade mais um dos votos colhidos nas seções eleitorais fossem comprovadamente fraudados, isto é, mudado o destino que o eleitor pretendeu dar ao seu voto. É a única hipótese, quase uma impossibilidade, depois do advento da urna eletrônica.
Vamos raciocinar: o eleitor não tem como fraudar o próprio voto. Se o anulou é porque era essa a sua vontade, ele a expressou livremente, não tem o que alegar. Em conseqüência, não tem como anular a eleição.
Digamos que 70 por cento do eleitorado brasileiro decidam anular o voto. Simplesmente os 30 por cento restantes é que decidirão por todos. O resultado é completamente oposto ao que essa idiotice pretendeu: vão se eleger os de sempre, exatamente aqueles que o eleitor quis banir da vida pública.
Lembram-se de Enéas com seus 2 milhões de votos? Ele se elegeu deputado federal e mais cinco outros candidatos do seu partido, nenhum deles com mais de 400 votos. E só não elegeu um sexto deputado, porque não tinha candidato inscrito. Se tivesse um sexto candidato inscrito e esse candidato só tivesse o seu próprio voto, ele estaria eleito.
Melhor andariam os eleitores se concentrassem a atenção em todos os números das recentes pesquisas de intenção de voto. Os quase 50% que cabem a Luiz Inácio Lula da Silva estão sendo computados só sobre votos válidos. Quando se acrescentam ao cálculo os 45% de nulos, brancos e indecisos, o percentual desce para 30%.
Se alguém não concorda com a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva ou com a eventual vitória de Geraldo Alkimin, não é anulando voto ou votando em branco que vai conseguir impor seu ponto de vista.

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