segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Ciência de sarrabulho - Jayme Copstein


O deputado João Almeida, do PSDB da Bahia, é o autor do argumento mais imoral que se tem ouvido, no Brasil, em defesa da perversão chamada voto proporcional que transformou o Congresso brasileiro em mercado persa. João Almeida diz não haver necessidade de voto distrital misto porque “mais de 50% do Congresso sequer compreende o que é isso".
Há muitas coisas que ninguém compreende no Brasil, não só esses modestos 50% do Congresso, mas com toda a certeza 99,999 por cento do eleitorado. Uma delas é como João Almeida e seus assemelhados conseguem eleger-se para abocanhar um sarrabulho de mais de 100 mil reais por mês, fora o alho, entre subsídios, verbas disso e verbas daquilo, ao que deverá ser acrescentada, proximamente, a equiparação aos ministros do Supremo Tribunal Federal.
A suposta simplificação do debate, pretendida pelo tucano João Almeida, defende a única proposta de reforma política em andamento no Congresso. Institui o voto de lista. É o novo milagre brasileiro, que de novo só traz a possibilidade de novas patifarias a partir do financiamento público das campanhas.
O atual sistema de voto proporcional é voto de lista, apenas com o eleitor, não o partido, indicando quem será eleito para as cadeiras conquistadas. O voto de lista, se aprovado, só vai piorar a situação. Vai perpetuar a malandragem: em vez de o eleitor dizer quem deseja que ocupe a cadeira de deputado, são os “donos” dos partidos que o farão. E aí, nunca mais nos livraremos dos filhinhos de papai ou dos genros do bastantão.

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