quinta-feira, 16 de novembro de 2006

A sabedoria dos profetas - Jayme Copstein


A princípio não dava para entender porque o sr. Luiz Inácio Lula da Silva, que patrolou o adversário Geraldo Alkimin na eleição presidencial, em vez de festejar com churrasco, cerveja e pelada na Granja do Torto, choramingava contra a imprensa como se fosse o perdedor. Fez queixa até a Hugo Chaves, apesar de o balanço mostrar apenas uns poucos colunistas mais contundentes, em contraste com outros, também poucos, que o apoiavam claramente e chamavam Alkimin de picolé de chuchu. Isso, sem contar terceiros que se mostraram contidos em nome da imparcialidade.
Não criticável em nenhuma das posições, desde que explícitas. Como diria Acácio, o Conselheiro, vivemos uma democracia. Não havendo o subterfúgio da meia-verdade ou do boato plantado para dissimular o engajamento, enquadra-se tudo no exercício do livre pensar.
Parece, entretanto, que o velho Acácio enganou-se desta vez. A levar-se em conta as lamúrias perdedoras do presidente vencedor, o que temos aqui é um neo-fundamentalismo islâmico, a exigir muezins que cantem “Lula é Lula e Márcio Thomaz Bastos o seu maior profeta”.
De fato, a mais recente “sura” do novo Corão é recitada pelo delegado federal de Cuiabá, dizendo que o escândalo do dossiê não vai dar em nada por não ser possível saber a origem do dinheiro. É a pergunta, cuja resposta Lula não deu a seu adversário durante toda a campanha eleitoral e que, com notável precocidade, Márcio Thomaz Bastos adivinhou ser difícil de se obter.
Nada como a sabedoria dos profetas.

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