segunda-feira, 20 de novembro de 2006
Os lados da corda - Jayme Copstein
Continua o caos nos aeroportos brasileiros sem que o governo se digne a assumir a única providência cabível: a substituição de comando, a apuração das responsabilidades e conseqüente indiciamento, para que a Justiça puna os culpados.
Não se trata apenas de identificar incompetências. Há algo mais em toda esta confusão dos aeroportos. Relatórios acabam de ser divulgados, mostrando que o acidente com o Boeing da Gol era só questão de tempo. Em três ocasiões anteriores, por erros de controladores de vôo, a tragédia não ocorreu por um único detalhe: Deus não quis.
É preciso apurar porque tais relatórios foram omitidos, pondo em risco a vida dos passageiros. Chama a atenção que, confrontado com a tragédia da Gol, o ministro Waldir Pires disse que nada sabia, que nada tinham lhe informado.
Não é a primeira vez que Waldir Pires alega ignorância para justificar a sua alienação. Quando ministro da Previdência, ele também anunciou a liquidação do déficit. Só este ano, o rombo da Previdência é de mais de 40 bilhões de reais.
A diferença entre os dois casos está na centena e meia de pessoas que perderam a vida. Alguém tem que responder por isso, mas não controladores de vôo mal pagos, mal supervisionados, estourando horários e quebrando as regras mínimas de segurança do trabalho. São o lado mais fraco da corda.
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