terça-feira, 21 de novembro de 2006

O novo conto do vigário - Jayme Copstein


A insistência com que os políticos estão batendo na tecla do voto de lista e do financiamento público das campanhas, ao eleitor deve soar como alarma. Agora é o governo federal em peregrinação, tentando convencer o presidente da OAB a aceitar o pacote.
É preciso dar nome aos bois. O que chamam de financiamento de campanha é financiamento de candidaturas. Como até agora esse dinheiro sai dos impostos sonegados ou das propinas dos mensalões e das ambulâncias, a proposta só tem um único objetivo: legalizar a corrupção para perpetuar a impunidade da pilantragem. Nos dois casos os dinheiros são públicos. Só que um deles não é oficialmente surrupiado. Não é difícil adivinhar qual seja.
O voto distrital puro, limitando a campanha do candidato a uma zona eleitoral, reduziria o custo das candidaturas a quase nada. Tome-se, como exemplo, o caso do Rio Grande do Sul, com bancada de 31 deputados federais. Dependeria do critério a ser adotado, mas digamos que da divisão resultassem 15 distritos eleitorais. A despesa cairia para a sexta parte do que hoje necessita um candidato e seus gastos seriam facilmente monitorados pelos eleitores adversários.
A proposta do financiamento público, entretanto, não pretende moralizar coisa alguma. A reforma deseja o voto de lista, que é a mesma perversão que temos hoje, com uma diferença: em vez de o eleitor escolher em quem ele vota, são os “donos” dos partidos que o fazem. Nunca mais este país se livrará desta quadrilha que o empobrece e mantém a grande maioria da população em miséria, doença e desesperança.

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