quarta-feira, 8 de novembro de 2006

A mão estendida - Jayme Copstein

Enfim, a lucidez iluminando os caminhos na proposta do senador gaúcho Paulo Paim (PT), criando o Fundo de Desenvolvimento da Educação Profissional, específico para o objetivo que expressa no nome, com recursos do imposto de renda, do IPI e Pis/Pasep. Cuidemos apenas que não se repita com esse Fundep o que aconteceu com a CPMF, que devia oxigenar a saúde, ou a CIDE, para transformar as estradas em tapetes voadores.,
Quando se ouve mirabolâncias de crescimento econômico, o que estarrece mais é a ignorância crassa sobre o grande obstáculo – a falta de mão-de-obra especializada.
Em grande parte, aliás, o problema do desemprego se atenuaria com a capacitação da multidão de despreparados que o paternalismo secular teima em manter na pobreza, submetidos a esmolas do tipo bolsa-isso, abono-aquilo-outro.
Não que, na permanente emergência em que vivemos, o assistencialismo não evite o pior. Não há, realmente outra saída, senão dar destino a migalhas enquanto o grosso da riqueza apenas engorda os privilégios de oligarquias, transplantadas para cá desde o Descobrimento.
Ajudar o homem a ajudar-se vai muito além de bolhas de crescimento que irão estourar um pouco depois de sopradas. Com o estômago forrado de comida e a cabeça nutrida de conhecimento, os deserdados tornam-se cidadãos, capazes de discernir entre a paixão e a razão, entre a moralidade e a safadeza, e de contribuir efetivamente para um país melhor onde a mão que se estende não é a da caridade, mas a da igualdade.

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