terça-feira, 28 de novembro de 2006

Sobras e carências - Jayme Copstein>

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acertou em parte quando apontou as aposentadorias da área rural como fonte do déficit da Previdência Social. Não pelos números porque, neste particular, o presidente está matematicamente correto: dos 37 bilhões e 400 milhões de reais pelo rombo constatado entre janeiro e outubro deste ano, muito mais da metade, 23 bilhões, dizem respeito a essas aposentadorias rurais.
Faltou ao presidente assinalar que o problema está na origem das aposentadorias, quando foram concedidas a torto e a direito, sem regras para prevenir fraudes e, também, sem previsão de onde sairia o dinheiro para concedê-las na orgia que se inaugurava, como era fácil adivinhar.
Não que falte coragem a Luiz Inácio da Lula da Silva. Também demonstrou que a tem em parte ao vetar o jeton e a criação de assessorias para os membros do Conselho Nacional do Ministério Público, que derrubaria o teto moralizador dos salários públicos. É de se esperar que, na mesma senda, ele vete também o pretendido jeton pelo Conselho Nacional de Justiça.
Para que o presidente demonstre que tem toda a coragem para tornar real o projeto de um Brasil melhor, precisa dizer a todos que dinheiro não nasce em árvores nem é maná para cair do céu. Tem que começar dentro de casa, cassando cartões de crédito e extinguindo mais da metade daquela nebulosa constelações de assessores de porcaria nenhuma que infestam a administração e contribuem para perpetuar o déficit público.

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