segunda-feira, 27 de novembro de 2006

O que não foi - Jayme Copstein

A improvisação e a falta de visão do futuro são retratadas em uma mensagem remetida pelo empresário Ralph Hofmann, de Porto Alegre, ao abordar a crise da aviação civil brasileira.
Ralph Hofmann relembra que, em 1953 a revista norte-americana Time publicou artigo de página inteira, pondo o Brasil entre os vanguardeiros da aviação mundial. Nossos aviões, naquele tempo, chegavam às aldeias mais remotas do país, precedendo neste desbravamento até mesmo os velhos e valentes jipes.
O transporte aéreo foi tomando corpo. Linhas aéreas aventureiras cederam lugar a empresas bem estruturadas. Ser passageiro de avião era indício de prosperidade.
O problema foi o abandono de outros meios de transporte de passageiros, como o trem e os navios. Ralph Hofmann sugere uma ficção – o que seria o Brasil de hoje se os velhos Itas e Aras, do Lóide e da Costeira, ainda singrassem nosso litoral.
Ele escreve: “Um gaúcho tomaria uma embarcação rápida, de Porto Alegre a Rio Grande. Lá subiria em um Ita. Tomaria o café da tarde ao largo do Rio Mambituba, jantaria perto de Florianópolis, no dia seguinte trabalharia com seu Notebook e seu celular, ou faria sauna, musculação, praticaria tiro-ao-prato, e na manhã seguinte estaria em Santos, de onde iria a São Paulo em ônibus especial, chegando descansado e com ânimo para triturar seus inimigos comerciais.
“Os aeroportos ficariam às moscas. Os turistas de feriadão nem mesmo tentariam chegar aos hotéis das praias de Porto Seguro. Se limitariam a flutuar pela costa brasileira, descansando”.
Ralph Hofmann tem toda a razão. Se tudo tivesse sido feito ontem, hoje o Brasil seria tudo. Menos o que é.

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