quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Mandarins e chupa-cabras - Jayme Copstein


Recebo manifestação de um magistrado aposentado, questionando se não fui severo demais no comentário de ontem, sugerindo que o Judiciário e o Legislativo estão dando jeitinhos para obter aumento de proventos. Como é meu amigo de longa data, me pediu reservas em relação à sua identidade, ao se mostrar preocupado com a possibilidade de um processo que me dificultasse a vida. Há tantas ameaças pairando ar...
Respondi que não se preocupasse. Magistrados e jornalistas têm muito em comum: são pessoas solidárias com seus semelhantes, tal como ele estava sendo comigo, e nasceram sem medo. Do contrário, não seriam magistrados nem jornalistas.
Sobre políticos não sei por falta familiaridade, mas me lembro do mestre de todos, Getúlio Vargas, homem solidário e sem medo. Criticado duramente e até injuriado, ao promulgar a legislação trabalhista que modernizou o país nos anos 30, desabafou: “Eles não sabem que os estou salvando do comunismo.”.
Mais modesto, sem pretensões a estadista, lembro algo lido há muitos anos: mandarins chineses, no início do século passado, exigiram da população adiantamento de impostos dos próximos dez anos. No ano seguinte, decretaram anistia ao contrário. Aquela antecipação tinha sido só para salvar a pátria. Os impostos continuariam a ser cobrados.,
Leio hoje, sobre a China pós-Mao Tse Tung, que a família de um corrupto é obrigada a pagar até bala com que ele é executado. Curiosamente, desapareceram do noticiário os abusos dos mandarins.

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