sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Hora da reflexão - Jayme Copstein

Alguma coisa não está fazendo sentido nas preliminares do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente com dificuldades até dentro de seu próprio partido, para montar o ministério, atua também, sem nenhuma cerimônia, para definir a presidência do Senado e da Câmara, o que, em última análise, é uma interferência indevida de um poder em outro.
Cada vez fica mais claro que o presidencialismo, inaugurado pelo golpe militar de 15 de novembro de 1889, esgotou suas possibilidades. O inquilino do Planalto não passa de mero joguete nas mãos de coronelões que lhe impõem sua vontade, graças a contingentes de deputados e senadores gerados em outra perversão, a do voto proporcional, em que o eleitor nem sabe em quem está votando e o eleito não sabe quem nele votou e, por isso mesmo, torna-se submisso aos oligarcas.
Não será agravando as mazelas descambando para a ditadura que há de se corrigir o problema. Mudam-se apenas os donos do fantoche que habita o Planalto. Voto distrital puro para devolver ao povo a representatividade do parlamento e possibilitar o parlamentarismo verdadeiro, não um arremedo, é o que se impõe nesse momento. Se nem isso der certo, então terá chegado a hora de refletir sobre a história brasileira.

Comentário

Pedro Luso de Carvalho: Caro Jayme: venho fazendo a leitura de todos os teus excelentes textos aqui publicados; quanto a este, concordo inteiramente contigo, no que diz respeito às dificuldades que o Presidente Lula vem enfrentando para montar o seu ministério em razão do sistema presidencialista, sem o voto distrital. Mais ainda, melhor que o voto distrital, no meu entender, seria a mudança para o regime parlamentarista, sem dúvida, uma esperança vã. Uma informação ao ilustre escritor e jornalista: o “Blog do Jayme Copstein” é um dos importantes links que enriquecem o meu blog. Um abraço. Pedro Luso.

Jayme: Obrigado pela generosidade das palavras. Voto distrital e parlamentarismo não são excludentes. O grande problema é assegurar a representatividade do Parlamento, para não incidirmos de novo no erro. Não creio que parlamentarismo sem voto distrital seja viável.

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